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O esporte feminino - modalidades, conquistas e nossas maiores atletas

  • Foto do escritor: Rozi Cabrini
    Rozi Cabrini
  • 29 de out. de 2023
  • 9 min de leitura

O esporte feminino é muito mais do que apenas uma categoria. Representa saúde, dedicação, e a luta das mulheres para poderem praticar suas atividades esportivas favoritas

silhueta de 4 mulheres esportistas
O esporte feminino em toda sua variedade

Nessa matéria:

Quais esportes são femininos?

Todos os esportes podem ser femininos. Cabe à cada mulher, individualmente, decidir quais são os esportes com os quais ela mais se identifica, escolher um (ou vários) entre eles, e então praticar um esporte feminino.


A separação de gênero nos esportes se dá apenas pelas diferenças biológicas entre os sexos, para que haja um certo nivelamento entre as competidoras (o mesmo que acontece quando há separação de categorias por peso), e que o trunfo do vencedor seja apenas a sua habilidade e capacidade física e mental, além da dedicação ao esporte.


Esportes com maior participação feminina

mulheres lado a lado esportistas
As mulheres dominam muitos dos principais esportes mundiais

Apesar de falar-se muito nos esportes em que as mulheres não tem tanta atenção quanto os homens, existem vários esportes femininos que são dominados por mulheres, e são todos muito respeitados pela comunidade internacional e pelos fãs dos esportes. São eles:

  • Ginástica rítmica, que é praticado e disputado exclusivamente por mulheres, e inclui movimentos de balé, delicados e teatrais, além dos movimentos específicos do esporte, muito desafiadores e impressionantes.

  • Nado sincronizado, também disputado apenas por mulheres, e que mistura movimentos de ginástica, dança e natação, exigindo muita força, coordenação e trabalho em equipe.

  • Ginástica artística, que é um esporte muito antigo e que surgiu, curiosamente, como um esporte exclusivamente masculino. Com o passar do tempo, porém, as mulheres foram atraídas à esse esporte e chegaram para ficar.

  • Handebol, surgido originalmente como uma modalidade esportiva exclusivamente feminina. Com o passar do tempo, os homens também se interessaram e começaram a praticar, porém ainda hoje existe uma maioria feminina nesse esporte.

  • O hipismo, embora inicialmente um esporte masculino, tem hoje a maioria de suas disputas ocorrendo com a participação das mulheres, onde se destacam e garantem muitas medalhas. Vale lembrar que no hipismo homens e mulheres disputam juntos, já que o cavalo é que é considerado o atleta no esporte.


Futebol Feminino

silhueta de mulher jogando futebol
O futebol feminino tem brilhado cada vez mais

Que o futebol para nós brasileiros é um esporte à parte já sabemos, afinal é a paixão nacional, e claro, as mulheres também querem sua parte na diversão, na torcida e nos jogos, conquistando também suas vitórias, campeonatos e admiração.


Assim como todos os outros esportes, a conquista do futebol pelas mulheres exigiu muita persistência, e continua exigindo, pois falta muito à ser conquistado. Foi apenas no final dos anos de 1980, quando a FIFA tomou para si a organização do futebol feminino, que tornou-se possível caminhar na direção da realização da primeira copa de futebol feminino, que ocorreu em 1991, na China.


Até 2015, os times femininos jogavam com o mesmo uniforme usado pelo time masculino, e somente a partir da copa do mundo de 2019 é que foi conquistado o direito de terem um uniforme exclusivo e original, próprio para o corpo feminino e por isso feito levando em conta a sua anatomia.


A linha do tempo do futebol feminino brasileiro é assim:

  • 1999 - A nossa equipe de futebol feminino ficou com a medalha de bronze na Copa do Mundo, a despeito de ainda ser tratada como amadora em seu próprio país, e por isso mesmo quebrando todas as expectativas.

  • 2003 - O futebol feminino, com a jogadora Marta se destacando, conquistou o ouro nos Jogos Pan-americanos de San Domingo, na República Dominicana.

  • 2004 - O futebol feminino recebeu medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Grécia. Nesse ano, a formação do time incluía Pretinha, Marta, Formiga e Cristiane, quatro das principais integrantes de uma das nossas melhores formações até hoje.

  • 2007 - O time brasileiro conquistou o ouro nos jogos Pan-americanos do Rio, com uma goleada de 5 a 0 contra o time dos Estados Unidos. Ainda nesse ano também recebeu a medalha de prata na copa do mundo feminina, realizada na China.

  • 2008 - Nosso time feminino ficou com a medalha de prata nas Olimpíadas de Pequim.

  • 2015 - A seleção brasileira conquista o ouro nos Jogos Pan-americanos do Canadá.


Para quem ainda não sabe, a principal jogadora feminina de todos os tempos, considerada assim por todos que acompanham o futebol é, sem dúvida, a Marta, a maior artilheira de todas as copas do mundo entre homens e mulheres.


Em 2019, a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) determinou que todos os clubes que queiram participar de disputas a partir desse ano devem, obrigatoriamente, abrigar também times femininos. E a nossa CBF seguiu o mesmo caminho da Conmebol: atualmente, todos os clubes da série A já possuem o seu próprio time de futebol feminino, e a regra será ampliada para os clubes das séries B, C e D, que terão até o ano de 2027 para se organizarem e cumprirem essa determinação.


Atletas femininas pioneiras brasileiras

duas mulheres em podium
Elas chegaram muito longe e foram pioneiras

Elas muitas vezes passam despercebidas, infelizmente, mas temos as nossas próprias heroínas do esporte, cada uma com suas conquistas únicas e desafios superados, dos mais variados:


- Maria Lenk

Aos 17 anos, Maria Lenk participou das olimpíadas de Los Angeles, em 1932, como nadadora. Fez toda a viagem acompanhada dos pais, e era a única mulher entre os 82 atletas que faziam parte da delegação brasileira.


Sua história de amor à natação começou quando seu pai, um imigrante alemão, mergulhava a filha nas águas do Tietê, ainda muito limpas naquela época (da pra imaginar?), com a intenção de fortalecer seus pulmões. Isso era importante pois Maria havia sobrevivido à uma pneumonia dupla (quando a infecção atinge os dois pulmões) após muita luta, e seu pai queria prepará-la para nunca mais ter que passar por aquilo.


Durante sua vida, Maria Lenk disputou 11 mundiais de natação e conquistou 57 medalhas, entre elas, 37 de ouro. Entre seus maiores feitos, estão:

  • A quebra do recorde mundial dos 100 metros de peito em 1939

  • E ainda em 1939, a quebra do recorde mundial masculino dos 400 metros peito (isso mesmo, masculino)

Maria Lenk morreu em 16 de abril de 2007, enquanto estava nadando na piscina do Flamengo, onde sempre treinou. Ela tinha 92 anos de idade.


- Melânia Luz

Aos 12 nos de idade, Melânia Luz fazia parte da equipe de atletismo do São Paulo Futebol Clube, e era treinada pelo alemão Dietrich Gerner. Treinava inicialmente salto em altura, mas se destacou mesmo nos 100 e 200 metros rasos.


Foi a primeira mulher negra a competir nos jogos olímpicos, ainda com apenas 20 anos de idade, em 1948, na Finlândia. Também competiu no revezamento 4X100 ao lado de Benedita Oliveira, Elizabeth Clara Muller e Lucila Pini, formando a primeira equipe brasileira feminina de atletismo, quando quebraram o recorde sul-americano da prova, ainda que na ocasião não conseguiram subir ao pódio.


Melânia Luz conquistou vários títulos ao longo de sua vida e bateu muitos recordes. Continuou competindo até 1998, em campeonatos organizados para veteranos, no alto de seus 70 anos (isso mesmo!). Faleceu em 2016, aos 88 anos.


- Maria Esther Bueno

Nascida em 1936, Maria Esther Bueno acompanhava os pais e o irmão mais velho, que praticavam tênis no clube, desde os seus 3 anos de idade. Foi nessa época que pegou uma raquete de tênis pela primeira vez. Ainda aos 11 anos, participou de sua primeira competição de tênis, um interclubes. No início, sequer tinha roupas que servissem corretamente, nem mesmo uma raquete adequada.


Quando fez seus 14 anos, venceu o Campeonato Brasileiro Infantil e logo em seguida venceu também o Campeonato Brasileiro de Adultos. Foi nas décadas de 50, 60 e 70 que Maria Esther mais brilhou, conquistando vários títulos.


Ao todo foram 71 títulos conquistados durante toda a sua carreira, e até mesmo ganhou o apelido de "bailarina do tênis" pois encantava a todos com seu estilo e conquistas. Maria Esther Bueno é considerada a melhor tenista que já existiu em toda a América Latina, e uma das melhores de toda a história do tênis mundial.


É dela a seguinte frase: "com as minhas vitórias, o mundo olhou para o Brasil de um jeito diferente. Deixamos de ser apenas o país do futebol".


Maria Esther Bueno faleceu aos 81 anos, em 2018, lutando contra um câncer.


- Daniele Hypólito

Em 2001, aos 17 anos, Daniele Hypólito ganhou a sua primeira medalha olímpica individual em um Campeonato Mundial. Nessa mesma época foi eleita por duas vezes consecutivas como a melhor atleta brasileira, primeiro em 2001, e depois em 2002.


Começou seus treinos em 1988, com apenas 4 anos de idade, no Sesi de Santo André, São Paulo. Ao longo de sua trajetória, que durou de 1994 até 2021, participou de campeonatos mundiais, dos Jogos Pan-Americanos e do Campeonato Pan-Americanos, totalizando entre as suas conquistas 11 medalhas de prata, 9 medalhas de bronze e 6 medalhas de ouro. É atualmente a atleta mais experiente e completa no Brasil, pois apesar de já ter se aposentado, ninguém ainda à superou em conquistas.


Os benefícios do esporte feminino

mulher em pose de ginástica
Os benefícios incluem saúde física e mental, conexões sociais, etc.

Além de todos os benefícios proporcionados para a saúde de todos pelos esportes tradicionais, tanto para crianças, como adultos e idosos, o esporte feminino possui algumas especificidades muito importantes para as mulheres.


Um estudo concluiu, por exemplo, que o treino de futebol para mulheres no período da pré-menopausa causou uma grande melhora na potência dos músculos de seus membros inferiores, assim reduzindo o risco de fraturas, já que esse aumento na força muscular acaba por proporcionar ossos mais fortes e, consequentemente, menor risco de quedas.


Outro estudo publicado recentemente comprova que o treino de futebol feminino tem efeito relevante no risco cardiovascular de mulheres na pré-menopausa, e esse resultado benéfico pode até mesmo ser mais efetivo do que a tão popular corrida ou a caminhada.

Curiosidade: entre as mulheres mais jovens, a prática de algum esporte tem uma importância ainda maior do que nos homens jovens, já que o início cedo da prática esportiva acaba levando a uma consolidação muito maior dessa prática, que continua na vida adulta e segue até a velhice, trazendo inúmeros benefícios ao longo de toda uma vida.


Além disso, o maior estímulo da prática de esportes femininos é importante para diminuir a grande diferença que ainda existe entre homens e mulheres adultos que são praticantes de esportes.


Mas nem sempre foi assim

mulher sendo controlada como fantoche
O esporte feminino nem sempre foi uma atividade livre

Se hoje as mulheres finalmente conseguiram, com muito esforço e sacrifício, conquistar o seu lugar ao sol no mundo dos esportes, e recebem o devido respeito de seus pares (apesar de muito ainda poder ser feito para melhorar), nem sempre as coisas foram assim. O caminho foi muito mais longo do que se imagina.


Começando pela Grécia antiga, as mulheres possuíam muito menos liberdade de iniciativa e decisão sobre as suas próprias vidas, e inevitavelmente isso incluía a impossibilidade delas de participar de qualquer esporte, e não podiam sequer assistir às disputas esportivas masculinas. Como muitas outras infrações nessa época, a punição podia ser até mesmo a morte.


Ao longo do tempo, houveram períodos em que as mulheres participaram timidamente de alguns esportes, quando isso foi permitido à elas. A partir de 1900, as mulheres foram finalmente autorizadas a competir, porém, foi somente nos jogos olímpicos de 2012 que todos os países participantes enviaram atletas femininas.


E no Brasil?

homem em púlpito dando ordens
A luta pela liberdade sempre esteve presente na história humana

O decreto-lei 3.199 de 14 de abril de 1941, em seu artigo 54 (em vigor até 1983) diz que "às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza". Referia-se principalmente à prática do futebol feminino, que se tornara muito popular, porém também vetavam outros esportes que considerava agressivos, como a prática de qualquer luta.


É importante lembrar que durante a ditadura, época em que as ideias mais conservadoras dominavam a política e a sociedade em geral, era determinado que homens e mulheres tinham papéis específicos a desempenhar, como trabalhar ou cuidar dos filhos.

Mais de duas décadas mais tarde, em 1965, o Conselho Nacional de Desportos fez a seguinte deliberação: "não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo-aquático, polo, rúgbi, halterofilismo e baseball."


No final da década de 70 foi revogada a lei que proibia a prática desportiva pelas mulheres, porém, por falta de regulamentação, e também de qualquer estímulo para as mulheres ocuparem esse novo espaço, as proibições continuaram a existir e a impedir a prática do esporte feminino. Mas as mulheres continuaram lutando contra essas proibições, e aos poucos, começaram a ver alguns resultados.


E no resto do mundo?

silhueta de corredor com tintas
Kathrine Switzer quebrou paradigmas com sua atitude corajosa

Em outros países a situação era parecida com a brasileira. Em 1967, Kathrine Switzer se inscreveu na maratona de Boston, nos Estados Unidos, usando apenas as inicias de seu nome, conseguindo assim passar despercebida e não levantar a suspeita de que se tratava de uma mulher participando da competição.


Como todos os outros corredores, o que era uma regra, Kathrine carregava em seu peito o numero de sua inscrição. Quando já estava em plena maratona, um dos fiscais da competição percebeu sua forma feminina e tentou arrancá-la da corrida, puxando-a para fora da pista. No entanto, ela resistiu, e completou seu percurso até a linha de chegada. E fez história!


Em 1972, ainda nos Estados Unidos, foi criada uma emenda determinando que os investimentos no esporte feminino deveria ser de igual valor aos destinados ao esporte masculino.


De volta ao Brasil

menina jogadora de futebol
O futebol feminino está cada vez mais próximo de seu lugar de destaque

Somente em 1983 é que houve a regulamentação do futebol feminino brasileiro, criando assim a possibilidade de competições oficiais no mesmo patamar legal do masculino, porém ainda sem a estrutura adequada.


Em geral, muitos e variados foram os motivos que dificultaram a participação feminina nas várias modalidades esportivas, e não só no futebol. A partir da década de 80, vários fatores convergiram e colaboraram para uma maior participação feminina, e essa participação foi ainda mais acentuada em 1990.


A partir de então, essa participação tem aumentado significativamente, porém a busca pela igualdade em incentivos e valores pagos aos atletas masculinos e femininos ainda continua em pauta para várias modalidades. O que significa que há espaço para melhorar.


Se muitas conquistas já foram obtidas ao longo do tempo, muitas outras conquistas ainda nos aguardam no horizonte, prontas para serem alcançadas. Que tal entrar nessa briga? Escolher um dos esportes, qualquer um deles, é ir à luta!



Fontes:

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